Os meninos e os saltos da Ponte Luis I
São os meninos do rio
Quem passa pelas ribeiras de Gaia e do Porto, fica ali um bom bocado a observar, a coragem daqueles miúdos. E não fica indiferente àquela coragem.
E é sobre isto mesmo. Coragem é o que eles tentam mostrar. Há anos. E é uma das tradições mais antigas do Porto, desde que esta ponte existe. São conhecidos como os meninos do rio.
Esta tradição atrai os olhares de milhares de turistas que passam pelo Porto, mas já foi retradada no cinema através do filme Aniki Bobó do grande cineasta portuense Manoel de Oliveira e foi o tema do premiado curta-metragem Meninos do Río do espanhol Javier Macipe Costa.
Tudo começou com meninos, moradores da Ribeira que para mostrar a coragem às suas pretendentes saltavam de alturas consideráveis ao rio Douro.
Confesso que desde que cheguei ao Porto, todos estes anos que eu passo por ali e os vejo, sinto uma pontinha de medo, de desconfiança... achando que aquilo ainda pode correr mal. Mas resolvi mudar o pensamento e só o podia fazer, indo lá falar com eles.
E assim eu conheci o Nuno de 20 anos e o Fábio de 17... hoje, já não são só os miúdos que saltam.
E assim eu conheci o Nuno de 20 anos e o Fábio de 17... hoje, já não são só os miúdos que saltam.
O Nuno disse-me que todos moram ali na Ribeira, e fazem aquilo simplesmente... porque gostam.
E começam quando ainda são pequenos...
e aproveitam a correnteza do rio para chegarem à margem. São, salvos e felizes |
E foi ali na margem que eu conversei com o Fábio, que lá do alto da Ponte parecia um super herói, mas já em terra, demonstrou-me a inocência e a simplicidade de um adolescente (como um verdadeiro super herói).
E eu o enchi de perguntas e ele tímido mas muito tranquilo foi me respondendo uma a uma.
E então fiquei a saber que eles adoram fazer aquilo. Moram todos ali na Ribeira e começam quando ainda são miúdos. Não tem medo, não aceitam dinheiro de ninguém para saltar. Não fazem para se mostrar, fazem porque é divertido. É seguro, não há pedras onde eles saltam e se fosse perigoso, disse-me ele: não saltariam. Ponto final. (infelizmente a partir de 2016 os meninos do rio, com o aumento de turistas no Porto, já pedem uns trocos para saltar )
Depois foi a vez do Fábio me encher de perguntas sobre de onde eu era do Brasil, se eu preferia morar cá em Portugal e por que. Se eu vou de vez em quando ao Brasil para visitar as pessoas e por que eu me casei com um português e não com um brasileiro. Perguntas da sua inocência.
Enquanto isso, chegam dois pequenos felizes dos seus saltos e se estendem na margem para se secar...
E fui embora mais tranquila, a saber através do Fábio e do Nuno, que não há que se preocupar. Aquilo é uma tradição e portanto vai ser sempre assim... no Verão, lá vão eles para a ponte saltar.
Porque as tradições no Porto são para se manter!
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Para quem ali mora, é uma espécie de ritual de iniciação... pesquise (http://www.jorge-henriques.com/) ou o belíssimo catálogo da exposição de Jorge Henriques - Domingo de Manhã -(CPF), que infelizmente se encontra esgotado.
ResponderExcluirSim, foi exactamente o que eu senti... obrigada pela indicação.
ExcluirAhhh Rita... acreditas que fiquei emocionada???!!! Tive que secar as "lagriminhas" que se formaram nos meus olhos, ao ler sobre o interesse do rapaz sobre você, sobre o Brasil. Para eles deve ser algo tão distante... Será que eles têm vontade de conhecer essa terra aqui, como fizeram tantos de seus antepassados? Me emociona essa troca que tu fazes. Dar a conhecer essa terra que adotastes e em troca, dar o teu jeito brasileiro de ser! Acho que também me emociona, porque é uma realidade que eu gostaria pra mim... viver num país que tanto me encanta!
ResponderExcluirBeijos, minha querida!
Luciana Azevedo.
Luciana, obrigada mais uma vez por palavras tão carinhosas. Sim, foi muito emocionante para mim fazer este post. E ainda esta semana eu presenciei outra situação: um deles, estava cheio de medo de saltar. Os amigos, se dividiram, uns diziam para ele saltar e outros diziam que se ele estava com medo que não o fizesse. Fui até próximo da ponte e perguntei a ele porque ele estava com medo e ele não sabia... perguntei se ele nunca havia saltado e ele disse que já havia saltado, mas hoje... hoje não sabia... e eu disse: então sai daí amanhã é outro dia! E ele saiu. Instintos são instintos... beijos!!
ResponderExcluirTalvez tu tenhas sido o anjo da guarda dele, naquele dia!!!
ResponderExcluirBeijos, minha querida!!!
Não!!! Ele já estava determinado a não saltar! Eu apenas o apoiei na decisão! Obrigada pelo carinho. beijos!
ExcluirInfelizmente eles não só aceitam dinheiro, como também o pedem em troca dos saltos... eu estive lá e pude assistir a isso... Eu não consigo entender como tal é aceite e permitido... só espero é que nunca nada corra mal...
ResponderExcluirInfelizmente eles não só aceitam dinheiro, como também o pedem em troca dos saltos... eu estive lá e pude assistir a isso... Eu não consigo entender como tal é aceite e permitido... só espero é que nunca nada corra mal...
ResponderExcluirTem razão Susana, infelizmente os tempos mudaram... como pode ver este post foi escrito a 3 anos atrás, e naquela altura... não pediam dinheiro para saltar.
ExcluirRita, infelizmente também já ocorreram acidentes, graças a Deus, não com muita frequência, o último, que eu saiba, foi em 2006... acho que as autoridades não deviam permitir isto... para a própria segurança dos meninos... Obrigada pelo seu comentário!
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ResponderExcluirRita amei saber as curiosidades sobre os
ResponderExcluirMeninos do Rio. Confesso que também fico um bocado aflita vendo eles pularem, mas tradição tem seu valor né?
Obrigada Dani!! Siiim!!! Essa tradição é daquelas que eles não deixam morrer.
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